Acho que a questão vai além do que a mídia veicula e como o faz, mas sim de como nossos jovens estão processando tudo isso. Não podemos dissociar a vida da morte. Morremos a cada dia e a reflexão sobre a morte é necessária, principalmente a fim de reavaliarmos nossa vida e nossas ações. Se faz necessário VERSAR COM nossos filhos!!!! Conversar sobre tudo! Sobre como vencemos o medo e a tristeza acerca dos inúmeros bullyngs que sofremos quando adolescentes. Sobre o quanto a vida vale a pena, sobre o quão transitória é a sensação de tristeza assim como a de realização plena (felicidade). Sobre o quanto nos fortalecemos diante de desafios emocionais que a vida nos propõe. Sobre o sentido de deixar nossa marca no mundo e ajudá-los a encontrar a resposta para qual marca eles querem deixar.

A morte é o “calcanhar de aquiles” da sociedade contemporânea, levantar bandeiras e travar batalhas para que ela não seja abordada não nos ajuda a crescer e evoluir como seres humanos. O tema nos assusta, traz angústia, mas é real. Nos deparamos diariamente nas ruas com eternos Peter-pans, pessoas que não só não pensam sobre a finitude mas que atuam e se comportam como se o tempo não passasse. A indústria alimenta isso com seu culto ao físico, intervenções plásticas em quantidades exageradas, cosméticos milagrosos. Tudo a serviço de nos distanciar patologicamente do morrer.

Me lembro de um filme “Green Miles” onde um dos personagens (Tom Hanks) recebe a “dádiva” do não morrer, fato que se torna, mais tarde, o pior de seus castigos, pois se sente só e sem perspectiva alguma. No mínimo pitoresco!

Jovens que são “capturados” por internautas desconhecidos que os propõem um “desafio de vida/morte” absolutamente destrutivo, denunciam uma falência do vínculo entre pais/educadores e adolescentes!

Banalizar a adolescência com jargões como “aborrecência”, ou concebê-los como depositários de uma avalanche de hormônios, empobrece o vínculo e nos faz desperdiçar a oportunidade de ajudarmos os nossos adolescentes a serem GRANDES PESSOAS. 

Precisamos nos voltar com veemência para o que realmente importa, AS RELAÇÕES, para que toda a discussão e angústia, valha a pena!!!!

Aline Monteiro

Psicóloga Clínica

Especialista em Perdas e Luto